A Dama e o Bardo
Tenho algo para te perguntar
Só assim paro de te importunar
Com o meu olhar
Será que podemos conversar?
Quero ter a oportunidade
De te conhecer de verdade
A minha prioridade
Nem é amizade
Linda, eu preciso saber
Se o que eu preciso é você
Mas para isso acontecer
Me deixa te conhecer
Vou te arrancar um sorriso
Pois preciso ouvir o teu riso
Deve ser um aviso
Do chamado paraíso
Meu coração entediado em seu canto
Vendo o mundo em preto e branco
Eis que ele pula em espanto
Com as cores do teu encanto
Vem cá, deixa eu ver o teu olhar
Mais perto, ao ponto de se beijar
Por você, posso me acostumar
A só uma mulher amar
-Como você é bobinho.
-Bobinho não, romântico, por favor - falou reduzindo a distância e largando a sua viola.
O sorriso e os passos dele demonstram a confiança que o seu coração, trêmulo, não tem. Já ela morde o lábio inferior, inconscientemente, e fica parada com o nervosismo a enrolar os seus pensamentos. O jovem menestrel, como se tivesse ensaiado para tocá-la, passa a mão sobre os cabelos negros da donzela. Esses dedos tocam o canto esquerdo da testa e continuam a correr por trás da orelha e então fogem para a nuca. A mão fecha devagar e com força. O outro braço captura a cintura. Ela abre a boca em surpresa, deixa escapar um fôlego, fecha os olhos, e espera. A língua dela - impaciente - brinca com as costas dos seus dentes. O rosto dele avança, respira o calor do hálito dela e…
Acorda.